4° texto: Onde o calo aperta - Maria Fernanda Medina Guido

4° texto: Onde o calo aperta

Nunca tivemos tanto acesso à informação como hoje. Rapidamente ficamos sabendo o que aconteceu do outro lado do mundo. Temos conteúdos para todos os gostos, sabemos mais do que nunca o que nos faz bem, o que nos faz mal. Por exemplo, hoje é possível afirmar que a maioria das pessoas sabe que para terem uma vida mais saudável elas precisam fazer escolhas melhores como atividade física, alimentação saudável, menos estresse. Sabem. Mas optar por estas escolhas não é tão simples assim quanto parece. Recentemente li uma postagem de um nutricionista dizendo que ele não conseguia entender como hoje em dia as pessoas ainda “insistiam” em escolhas alimentares erradas como refrigerantes, doces e farinha branca mesmo sabendo o mal que estas substâncias causam, simplificando o que é tão complicado, nossos comportamentos autodestrutivos. Quando li, ao ver a quantidade de pessoas venerando sua publicação, pensei na quantidade ainda maior de pessoas que deveriam estar se sentindo péssimas, se sentindo fracas, por não resistirem a um copo de refrigerante. Sim caro colega nutricionista, são escolhas, mas por trás de cada uma delas existem tantos porquês, são tantas histórias, tantas pessoas diferentes, não podemos por todo mundo no mesmo balaio, onde todos agem como “loucos” que escolhem bomba de chocolate a maçã mesmo sabendo que açúcar faz mal, porque simplesmente não estão preocupados com seu bem-estar. Não amigo, não é assim que funciona.
Primeiro precisamos entender o que são esses comportamentos. De maneira muito simplificada podemos dizer que são pensamentos e ações que tomamos que nos afastam dos nossos objetivos, metas e sonhos. Como por exemplo o comportamento de comprar itens desnecessários para a sua casa mesmo sabendo que a dívida no banco está cada vez maior. Como disse no parágrafo acima, somos diferentes um dos outros, por isso, precisamos entender quais são os nossos comportamentos destrutivos, os seus podem ser diferentes das pessoas que convivem contigo. O que fazemos mesmo sabendo que ali na frente nos arrependeremos da nossa escolha? O que fazemos pra termos 05, 10 minutos de prazer cujo preço a se pagar mais tarde sai caro? Quais são os nossos comportamentos que nos afastam do que sonhamos, queremos? O que queremos mudar? Essas são as primeiras perguntas que precisamos nos fazer e nos responder de maneira muito honesta.
Em seguida precisamos entender quais são os benefícios que as “escolhas erradas” tem nos trazido. Porque sim, elas nos trazem benefícios. Liberam hormônios que dão a sensação de prazer, bem-estar, alegria e paz. O que sentimos? Assim que entendemos quais são os comportamentos destrutivos que temos e quais os benefícios que eles nos trazem fica mais fácil procurar outros comportamentos que nos tragam os mesmos sentimentos. Por exemplo: você já pagou 06 meses de academia mas todos os dias quando chega do trabalho o sofá vence. Você olha para ele, lembra como é bom ficar ali quietinho depois de um dia estressante, como você sente bem e ele ganha. Se você conseguir ir à academia, mesmo que o esforço físico seja terrível, ao final dele você irá se sentir bem, primeiro porque não terá a sensação de estar desperdiçando seu dinheiro, segundo porque após atividades físicas seu corpo libera hormônios que lhe farão ficar melhor. Então você também se sentirá bem após um dia estressante, fazendo uma coisa que é boa de fato para você. Sempre será possível fazer a troca por algo que seja mais saudável para si mesmo (e aqui não estou falando só de físico, mas de equilíbrio) e essa nova ação te trará também benefícios, trará orgulho de si mesmo, aumento de autoestima.
Quando estiver difícil evitar os seus comportamentos destrutivos, tente pensar em como seria sua vida se você abandonasse este hábito ou adquirisse novos hábitos. Parece uma vida mais legal? Coloque numa balança, avalie prós e contras. Pense na quantidade de benefícios que você terá se conseguir evitar tal comportamento. E tente. E se falhar, está tudo bem, no dia seguinte você tenta novamente. Até que consiga, até que escolha na maioria das vezes seja a que lhe parece melhor para você. E por favor, não se diminua porque os outros parecem estar fazendo escolhas perfeitas e você não. Todos nós temos nosso calcanhar de Aquiles, a diferença é que alguns são mais visíveis a olho nu e outros não.

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