6° texto: Cada um só oferece aquilo que tem - Maria Fernanda Medina Guido

6° texto: Cada um só oferece aquilo que tem

Acredito que este seja um grande problema em nossas relações. Se tivéssemos aprendido isso ainda criança talvez não esperaríamos das pessoas com quem nos relacionamos ações que elas jamais esboçariam. Passamos a vida criando expectativas acerca do que o outro fará, do que o outro nos trará, de como o outro transformará nossas vidas, esperando normalmente muito mais do que farão por nós.

Entender que cada um só oferece aquilo que tem talvez seja o pulo do gato para pararmos de fantasiar, para trazermos mais verdade às nossas relações. É muito comum entre as queixas que os pacientes trazem haver reclamações acerca do comportamento do outro. O namorado ciumento, a mãe que não é tão carinhosa, o amigo que parece não se preocupar muito com as pessoas. Atitudes que magoam e entristecem, principalmente se o paciente espera mais, precisa de mais. Acredito que para um relacionamento ser saudável é preciso haver troca. Mas aqui, o ponto é outro. Precisamos sair um pouquinho da lógica do certo e errado. Devemos ser sinceros consigo mesmos no momento onde a decepção lateja. Se o que tem te chateado são atitudes egoístas do seu namorado por exemplo. Analise honestamente, ele se relaciona de maneira saudável com as pessoas a sua volta? Ele costuma se preocupar com os sentimentos das outras pessoas além dos dele? Ele aprendeu desde cedo a compartilhar, ele ouviu muitos “nãos” ao longo de sua vida? Alguém ensinou isso a ele? Ele tem condições de entender que relacionamento implica em troca? Pode ser que não. Cada um só oferece aquilo que tem dentro de si. Talvez atitudes altruístas não façam parte de seu repertório porque ele aprendeu que o importante é se colocar em primeiro lugar independente da situação. Talvez ele até tenha aprendido quando era criança, mas a vida foi sendo cruel, os relacionamentos mal sucedidos foram machucando e ele se tornou quem é. Como disse acima, a nossa primeira tendência é classificar esse modo de se relacionar como errado e exigirmos o modo certo. Veja bem, não estou dizendo que não se preocupar com os outros e não ceder é a maneira ideal de ser viver hein? Acredito que uma das coisas que mais falta nesse mundo atual é empatia. Mas também penso que cada um também tem o direito de viver como quiser. Se ele acredita que pensar somente nele é a saída, OK.

E agora talvez você esteja pensando: “entendi… então cada faz o que quiser e eu preciso aceitar que tal pessoa me maltrate a cada encontro?” Claro que não. Cada um só oferece o que tem, mas você não precisa se contentar com qualquer coisa. Você pode compreender os motivos pelos quais a pessoa não age contigo como você quer, mas se você não gosta do jeito como é tratada, se ao pesar tudo que ela tem de bom e o que não tem de tão legal na sua opinião, a balancinha for negativa, o rompimento pode ser uma saída. A decisão é sempre sua. Só proponho parar de exigir o que as pessoas não serão capazes de dar. Olhar para o outro, entender como ele de fato funciona, para diminuir suas expectativas e se frustrar menos. Fácil? Não. Mas ajuda um bocado na hora de se relacionar.
Até a próxima sexta! <3

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