Quando entendi que não estava tão errada assim - Maria Fernanda Medina Guido

Quando entendi que não estava tão errada assim

Eu, assim como muito provavelmente você, passei grande parte da minha vida fazendo dietas, em busca de uma vida mais feliz quando alcançasse aquele número. Da calça jeans, na balança. Mas o que foi acontecendo a medida em que os anos passavam é que a restrição seguida de exageros se transformou num ciclo interminável e eu estava muito cansada e infeliz. E foi assim que a base de muitas sessões de Terapia fui tentando conviver mais em paz com a equação o corpo que eu tinha X o que a sociedade queria. ( já escrevi sobre como foi esse processo neste texto aqui).

E aí, num domingo de 2017 descobri no Facebook a Paola Altheia, uma nutricionista de Curitiba especializada em Comportamento Alimentar com 126 mil seguidores. E lendo um post atrás do outro, pela primeira vez na vida vi um profissional da área da saúde falar sobre porque as dietas não funcionavam, porque restrição alimentar gera compulsão, porque é interessante que você se mantenha nessa busca obstinada pelo corpo perfeito, porque em geral odiamos tanto nossa aparência, entre outras coisas, tudo devidamente embasado em estudos, pesquisas publicadas ao redor do mundo. Isso literalmente foi um divisor de águas em minha vida. E por meio da Paola, vieram Vanessa, Marcela, Naiara, Alexandre, João, Raquel, Juliana, Nina, Mariana, Natália e tantos outros. E veio o Body Positive e a oportunidade de estudar sobre Comportamento Alimentar. Minha visão sobre tudo mudou, minha vida mudou.

Por conta disso venho tentando nos últimos anos mostrar às minhas pacientes, às minhas amigas e a quem tenho oportunidade que a vida não precisa ser essa tortura. Mas em novembro do ano passado, quando participei do evento “Como respeitar meu corpo em tempos tão difíceis?” idealizado pela Psicóloga Vanessa Tomasini e a Nutricionista Marcela Kotait e vi tantas mulheres sofrendo, me lembrei que vivo numa bolha. E na bolha que vivo, estou rodeada por profissionais que trabalham dentro desta perspectiva, ou no Instagram, repleto de perfis que escolhi a dedo e que me faz sentir que a compassividade com o corpo do outro já é uma realidade. Só que não. Tem muita mulher sofrendo porque não usa 38, não pesa 50 kg, porque tem celulites, porque por mais que passe horas a fio jejuando não perde aqueles malditos 3 kg, porque tem cabelos brancos, manchas no rosto, porque não tem cabelos lisos etc etc etc. E aí, quando vi a reportagem no Fantástico achei que era uma boa oportunidade de entender em que pé realmente estamos e por isso pedi ajuda de vocês. E fiquei muito feliz com tudo que li. Muito obrigada por partilharem comigo o que acreditam.

Escrevo tudo isso para te dizer que você não precisa usar biquini se não se sentir confortável, você não precisa parar de pintar seus cabelos, assumir seus cachos, abandonar suas rotinas de beleza. Você só precisa saber que você é livre para fazer tudo isso, se quiser. Você só precisa se lembrar que seu valor não se limita somente a sua aparência física, e sua felicidade não pode depender disso. Em meu entendimento Body Positive é isso. Você pode fazer o que quiser, SE quiser, porque faz sentido para você, não porque você TEM QUE fazer para ser aceita e valorizada. Eu sei, aprendemos assim, mas se tem algo que temos a obrigação de fazer agora adultas é questionar. Questione o que te falaram, o que te falam, o que te indicam, questione. Essa semana escrevi um texto sobre o livro O Mito da beleza que conversa muito bem com esse assunto, se te interessar, clica aqui… 😉

Já tô indo mas antes por favor, clica nesse link e ouça essa música, vai por mim:

 

Questione!

Bjo grande,

M Fernanda

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